Eu não sei se sofro de nostalgia causada por ter assistido
filmes e séries norte-americanas em excesso na minha infância e adolescência ou
se é apenas o velho desagrado que ataca todos os seres humanos – aquela insatisfação
perene na alma – de nunca estar cem por cento contente com nada.
Só sei que com a primavera se aproximando, só consigo
pensar em como queria estar me preparando para um outono de verdade, daquele no
melhor estilo do Hemisfério Norte, separando as blusas de frio, vendo as
decorações ficarem cheias de abóboras, escolhendo as receitas para o Thanksgiving, vendo o cardápio do
Starbucks ganhar novas bebidas com sabor de Pumpking
Pie, ver as folhas das árvores ficarem totalmente amareladas, se reunir em
volta de uma fogueira com os amigos e assar S’mores...
É impressionante como uma coisa leva a outra que leva a
outra. Um dia desses me peguei ouvindo uma playlist no 8tracks com músicas
outonais e, além de conhecer algumas músicas novas e ficar com a playlist no
repeat por semanas, fiquei morrendo de vontade de testar uma receita que há
tempos vinha namorando em um dos meus livros.
Por acaso, a receita, além de conter abóboras e noz pecã (a
minha favorita e que só aparece de vez em quando nas gôndolas do Pão de Açúcar,
tornando-se um daqueles artigos: achou, levou, se não você fica realmente sem),
também é vegana. Sempre me deparo com receitas veganas em blogs mais naturebas
mas, normalmente, todas envolvem alguns ingredientes que eu não tenho em casa e
que não são tão fáceis de achar, por isso sempre desisto e faço outra coisa.
Isso não se aplica ao bolo que, além de lindo depois de assado, leva ingredientes
fáceis de achar.
O único “trabalhinho” que você terá (algo que você estaria
livre se morasse nos EUA, por exemplo) é o de assar a abóbora e bater a polpa
no processador para fazer o purê. Só isso, juro. O resto é fácil, fácil e o
bolo ainda vai deixar sua casa extremamente cheirosa, evocando todos os aromas
do outono em plena (quase) primavera.
Bolo vegano de abóbora
Para o purê de abóbora:
1 abóbora do tipo moranga (média)
um fio de oléo
Cortar a abóbora ao meio, sem descascá-la. Retire as sementes (você pode assá-las também, mas fora da polpa).
Coloque as metades viradas para baixo na forma untada com óleo e asse por cerca de 1 hora, ou até a polpa estar macia.
Retire do forno, espere esfriar e descasque. Em um processador, triture a abóbora até formar um purê bem cremoso e homogêneo. *como a receita só usa 1 xícara, congelei o que sobrou em saquinhos ziploc.*
Para o bolo:
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 xícara (chá) de açúcar mascavo (bem cheia)
2 colheres (chá) de fermento em pó
1 colher (café) de sal
1 colher (chá) de canela em pó
1 colher (chá) de mix de especiarias (cravo em pó, noz moscada, gengibre)
1 xícara (chá) de purê de abóbora
1/2 xícara (chá) de óleo de canola ou semente de girassol
1/3 xícara (chá) de melado de cana
1/3 xícara (chá) de água
1 xícara (chá) de noz pecã picada
Algumas nozes inteiras para decorar
Unte uma forma de bolo inglês e preaqueça o forno na temperatura baixa.
Em uma tigela, misture todos os ingredientes secos (menos as nozes). Em outra tigela, misture todos os ingredientes molhados.
Adicione os ingredientes secos aos molhados aos poucos, incorporando tudo com uma espátula e bem devagar, para não empelotar (se quiser, pode misturar com a batedeira).
Depois que tudo estiver bem incorporado, junte as nozes picadas.
Despeje a massa do bolo na forma untada e coloque as nozes inteiras por cima, para decorar.
Asse em forno médio/alto por cerca de 50 minutos, ou até o teste do palito dar certo (insira um palito no bolo e veja se ele sai limpinho.)
Retire do forno, deixe esfriando um pouco ainda na forma e após 20 minutos, desenforme-o.
O bolo pode ser servido morno ou frio e fica perfeito com aquela xícara de chá ou café, especialmente em um dia friozinho e cinza e lindo como o de hoje em São Paulo.
Um comentário:
Seu texto de hoje me trouxe à memória duas referências.
A primeira é o início de um filme chamado 500 Days With Summer, no qual o narrador diz que o personagem cresceu ouvindo tristes músicas pop britânicas e isso influenciou como ele é hoje. Nostálgico. Identifiquei-me com o rapaz, sempre gostei de Coldplay, rs.
http://www.youtube.com/watch?v=PsD0NpFSADM
A outra é uma palestra de um escritor chamado Pico Iyer, na qual ele diz não saber bem responder à pergunta "Onde é seu lar? (Where is home?)". Por exemplo, se a resposta a essa pergunta foi onde ele nasceu, seria Inglaterra. A origem de sua família, Índia. Se foi onde passa mais tempo, seria Nova York. Se for onde mais gosta, Japão.
http://www.ted.com/talks/pico_iyer_where_is_home.html
Seu lar, Carol, é Londres.
Postar um comentário