Na minha cabeça sou a pessoa mais organizada do mundo,
daquelas que tem planilhas do Excel sobre os gastos do mês, um calendário
devidamente atualizado e sincronizado com todos os dispositivos eletrônicos, um
bloco de notas na bolsa que vive cheio de ideias e uma to-do list que sempre
fica riscada no final do dia, comprovando que consegui fazer tudo que havia
planejado.
Essa é definitivamente a pessoa que eu queria ser.
Organizada e preparada para tudo (ou quase tudo).
Como Shakespeare já disse: “a expectativa é a mãe da
decepção” e, a cada dia que passa, vejo que minha realidade é bastante
diferente do ideal imaginado. Toda vez que vejo minha pilha gigante de livros
para ler, minhas pastas de receitas para testar no Pinterest, meditações
negligenciadas, as muitas ideias de posts para o blog que nunca saem do bloco
de notas, emails e mais emails que envio a mim mesma, com lembretes do tipo "ler isso", "assistir isso hoje" e que quase nunca são abertos, minha gaveta que continua bagunçada e as notas mentais de escrever
cartões aos amigos que moram longe ou comer menos coisas industrializadas, sou
atormentada pela velha frase do bardo. Sim, caro William, você estava certo.
Os dias em São Paulo simplesmente drenam nossas energias e a
cada noite fico pensando que procrastinei mais do que ontem. O “poderia”,
“deveria”, “queria” e “teria” saem rapidinho da casa mal-assombrada e, com suas
risadas de bruxa malvada, olham para minha cara e zombam de mim com o maior
prazer que já sentiram.
Meu medo mais secreto é o de sentir que desperdicei a vida.
Que deixei passar aquelas conversas profundas com assuntos que significam o
mundo, daquelas que passamos horas e horas dissecando os diversos aspectos de
tudo o que mais importa. Que não fiz aquela ligação à tempo. Que não me tornei
a pessoa que quis ser. Que o plano era construir um navio firme, mas que eu
nunca sequer apareci na primeira aula que ensinava como bater a estaca da base.
Que vou perder as coisas pequenas e grandes, daquelas que fazem as pessoas
gritarem alto: “Isso fez tudo valer a pena”.
Quem luta com essa estratégia masoquista da rotina (ruim),
sempre querendo roubar o nosso melhor, vai se identificar com minhas reflexões
de alma. Para amenizar um pouco o sentimento de culpa e de “vida se esvaindo
pelos dedos”, resolvi que estava mais do que hora de testar essa receita de
barrinhas de cereal.
A louca das barrinhas aqui, daquelas que compram um pacote
quase todo dia para beliscar nos intervalos do trabalho, vivia reclamando
internamente do excesso de baboseira que as indústrias jogam nos coitados dos
cereais. Quer continuar comendo conservantes e corante de bichinhos? Fique à
vontade. Quer comer barrinhas caseiras, fáceis, deliciosas e super saudáveis?
Continue lendo...
Barrinhas de cereal com banana e manteiga de amendoim
(Inspiradas nesse blog lindo)
Ingredientes:
(rende cerca de 12 barrinhas)
Barrinhas:
3 bananas nanicas bem maduras e descascadas
3 colheres (sopa) de manteiga de amendoim orgânica (comprei
a minha no Mundo Verde)
¼ xícara de melado de cana
1-2 colheres (sopa) de Maple Syrup (totalmente opcional,
usei porque ganhei um vidro de presente, thanks Natalie)
1 colher (sopa) de óleo de coco extra-virgem e mais um
pouquinho para untar a forma (comprei o meu no Mundo Verde)
1 colher (chá) de canela em pó
½ colher (chá) de sal marinho
3 xícaras de aveia em flocos grossos
1 ¼ xícara de nozes e sementes (usei chia, linhaça, amêndoas
e avelãs)
½ xícara de frutas secas (usei cranberries e uva-passa)
Cobertura:
½ barra de chocolate amargo (usei um com 70% de cacau)
Preaqueça o forno em temperatura baixa. Forre com papel
alumínio ou manteiga uma forma retangular pequena, deixando pontas de papel nas laterais,
para facilitar quando você for retirar as barrinhas antes de cortar.
Unte o
papel com o óleo de coco.
No processador de alimentos (ou com um garfo), triture as
bananas, manteiga de amendoim, melado, Maple Syrup, óleo de coco, canela e sal.
Reserve.
Em uma tigela grande, misture a aveia, nozes, sementes e
frutas. Adicione a mistura dos líquidos e misture bem, tudo precisa ficar incorporado.
Despeje a mistura na travessa untada e espalhe até a
superfície ficar bem reta e lisa. Use o fundo de um copo ou uma colher para
apertar os cereais e deixa-los bem comprimidos.
Asse em forno médio por cerca de 30 minutos ou até a
superfície ficar dourada.
Retire do forno e deixe esfriar completamente antes de
desenformar.
Desenforme e jogue a cobertura, que é simplesmente chocolate
derretido no banho-maria. A cobertura é super à gosto e você pode escolher usar
mais ou menos chocolate.
Corte as barrinhas com uma faca grande e sem serras. O
tamanho de cada uma também depende de você.
Como aqui está muito calor, guardei as barrinhas na
geladeira para a cobertura não derreter. Elas duraram uma semana.
É o lanchinho perfeito e saudável para ter na bolsa e
devorar naquelas horas cruciais do dia, em que só algo doce pode salvar. Ah, e quem tiver alguma dica de como se manter organizado e seguir (de verdade) o que planejou, sinta-se à vontade para compartilhar aqui. :)